Um famiclone e sua influência na minha carreira
Infância nos anos 90
Ser uma criança nos anos 90 me permitiu acompanhar o inicio da internet no Brasil, a popularização dos computadores domésticos e tudo que isso engloba. Por ter uma grande diferença de idade dos meus irmãos, quando eu tinha uns 2 ou 3 anos, meu irmão mais velho estava vendendo o atari dele pouco antes de sair de casa. Lembro de conhecer vídeo game por colegas de escola, lá pelos 6 ou 7 anos, e tudo era incrível. Em casa, o orçamento sempre foi um pouco apertado, e video-game era sempre visto como um entretenimento caro, ou seja, longe de ser uma prioridade. Em meu aniversário de 9 anos, fui presenteado com essa pérola dos clones de Nintendinho 8 bits, um Magic Computer PC95 (produzido pela Dynacom).
Diferente do que se espera de uma criança de 9 anos que ganha um Famiclone quando o lançamento do PS2 já estava engatilhado, eu fiquei muito empolgado com aquilo tudo. Naquela época, não tinha como assistir um review no YouTube ou dar uma pesquisada para saber exatamente como funcionava, lembro que a maior fonte de informação sobre ele que eu tinha eram as revistas de loja com o preço e a proposta de uma “informática ao alcance de todos”, exercícios educativos e a possibilidade de criar seus próprios jogos.
E daí?
Nessa hora você pode estar se perguntando “mas como diabos essa joça influenciou essa pobre criança à virar programador?”, a resposta é simples, dentro dos “programas” que vinham disponíveis no Magic Computer, tínhamos o G-BASIC e o F-BASIC, programas utilizados para o desenvolvimento de jogos em 8 bits. Foi ali que eu tive meu primeiro contato com algum tipo de codificação. Por mais que o máximo que eu tenha feito na época tenha sido seguir os tutoriais que vinham com ele e sofrer com erros de digitação (sim, o teclado dele é tenebroso). Nesse cenário, eu aprendi coisas básicas como entrada, processamento e retorno de dados, alguns operadores lógicos e coisas desse tipo, foi ali que eu aprendi que por trás de tudo que acontecia nos jogos eram uma série de instruções codificadas.
Claro que isso não fez de mim um programador, mas ali, naquela criança de 9 anos catando milho num teclado ligado à uma TV de 14″ “à cores”, foi plantada essa sementinha. 21 anos depois, cá estou, com 10 anos de carreira como programador. Nunca desenvolvi meus próprios jogos (no Magic Computer ou em qualquer outro lugar), mas de qualquer forma estou aqui compartilhando uma história, que diferente da maioria, não foi apenas frustração de ganhar um clone de Nintendinho quando se esperava um PS1.
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